Viagem autêntica de verdade: conheça a Amazônia com povos nativos

Já se imaginou vivendo como um ribeirinho da Amazônia autêntica? Foi o que vivi ao me hospedar no Caboclos House Ecolodge, hotel de selva e casa de uma família local.

A vida ribeirinha sempre me encantou e causou curiosidade. As chuvas mudam a paisagem da Amazônia completamente, as águas sobem, descem e isso altera a rotina de quem depende dos rios para se locomover e se alimentar.

Experimente a vida ribeirinha raiz

Pense no que faria em um dia de semana normal da sua vida. Você vai pegar seu carro e sair para trabalhar, certo? Não por aqui!

O normal aqui é dormir com o barulho da água batendo debaixo do quarto (na cheia), andar por palafitas cercadas de água e sair de casa todos os dias de voadeira. Para visitar familiares e amigos, ir a uma festa na comunidade vizinha, para ir à escola, trabalhar, fazer compras.

Tudo é feito de barco, que serve de palco para ver o sol nascer, observar estrelas e contemplar o pôr do sol sentindo o banzeiro do rio. Essa é a Amazônia autêntica.

De onde vem a comida?

Nos acostumamos a comprar tudo pronto, congelado, pedir comida por aplicativo. Entre os ribeirinhos aprendemos de onde a comida vem e o quanto dá trabalho extrair cada elemento de uma refeição.

Na Casa de Farinha aprendemos a transformar mandioca em farinha, tapioca e tucupi, ingredientes presentes na maioria dos pratos do Norte, base da alimentação local.

Com pescadores experientes, que conhecem todos os bons lugares para pesca e todos os truques para atrair peixes, saímos para pescar as temidas piranhas. Consumir o alimento que você conseguiu com tanto esforço ajuda a valorizar o ingrediente e ser grato a cada garfada.

Precisa de tempero? Quer fazer um molho? Use urucum do quintal, colha e processe açaí, ou talvez alguma PANC. E como saber o que é seguro para comer? Ah, os nativos podem te explicar.

Faça seu próprio xarope

A Floresta Amazônica é cheia de segredos, lendas, ancestralidade, plantas que curam e temperam, árvores que viram abrigo, transporte, meio de comunicação e até rejuvenescem! Os moradores locais sabem a utilidade de praticamente todas.

“Essa ajuda a crescer o cabelo, essa relaxa, aquela evita diabetes, essa serve de anticoncepcional.” Pois é! Lições passadas por ribeirinhos à mesa, enquanto produzíamos nosso próprio xarope na Oficina de Plantas Medicinais.

A floresta fornece tudo. É mercado, farmácia, templo. Mas é muito fácil sair da Amazônia sem viver essas experiências, sabia? Todos os dias, dezenas de viajantes perdem a oportunidade de conhecer a verdadeira vida na floresta por não optar por hotéis e agências comprometidos com a comunidade local.

Conheça uma Amazônia mais autêntica

É possível curtir a Amazônia de muitas maneiras, e com certeza você encontrará a sua, mas se deseja viver algo autêntico, que realmente se aproxima da vida ribeirinha, é essencial escolher um hotel de selva que pertença a famílias locais ou sejam administrados pela comunidade.

Dê preferência a agências, pousadas e guias que respeitem a floresta, estejam voltados para o turismo com base comunitária e que colaborem de forma positiva para o desenvolvimento econômico dos moradores locais.

Hospedar-se com uma família ribeirinha é receber de presente profundas lições de vida. Aprender a desacelerar, a respeitar o tempo natural das coisas, a valorizar culturas e tradições. Em um dia comum, as conversas sob as estrelas trazem ancestralidade em cada palavra: “Meu avô me ensinou”, “eu via minha avó fazendo assim”…

Quantas gerações daquela família tocaram as mesmas árvores centenárias, nadaram no mesmo rio de águas escuras cheias de segredos? Você também pode fazer parte disso.

Sentiu que precisa experimentar a Amazônia de verdade? Tem uma experiência ribeirinha para cada perfil de viajante e a família Caboclos vai te receber com todo carinho (e comida boa) do mundo!

Lívia Miranda

Sou jornalista com hiperfoco em viagens, idiomas e hábitos de outros povos. Viciada em mapas desde criancinha. Sou natural de Rondônia e cresci comendo tambaqui de banda, sorvete de açaí e bombom de cupuaçu. Recentemente descobri que sou autista e TDAH, pois é, os dois, e hoje escrevo sobre autismo e viagens no Instagram (@liviaturistea).